terça-feira, 6 de março de 2012

O DESENVOLVIMENTO DA ENERGIA FEMININA

Por: Daniele Tedesco

"Tenho acompanhado no consultório inúmeros casos de pessoas que me procuram por problemas de “relacionamento” e sugerindo que eu escreva mais sobre o tema.

Neste mês de março (mês da mulher) resolvi escrever sobre o assunto dedicando o texto especialmente à elas, contando uma história real, e que se aplica à grande maioria das mulheres.

Muitas mulheres identificam-se quando conto essa história, ao perceberem que não estão sozinhas em seus sofrimentos, podendo aliviar algumas de suas feridas e ampliar um pouco a consciência sobre estes “problemas” que, acredite, estão impregnados no inconsciente coletivo feminino em mulheres do mundo inteiro.

O melhor de tudo é saber que há solução para estas feridas, ao perceber e adotar pensamentos e atitudes que libertam dos mitos carregados até hoje e permitem enfim, desfrutar e viver a essência feminina em toda sua plenitude.

Parabéns a todas as que já estão vivendo os seus caminhos na essência, e inspirando outras mulheres a fazerem o mesmo e a viverem muito mais felizes.

Os homens, acreditem, agradecem pela nossa felicidade!

E são muito bem vindos a lerem este texto e compreenderem um pouco mais sobre o que se passa no íntimo da história da maioria das mulheres (da nossa e de diversas culturas), até hoje."
  
Biografia de uma mulher, com ênfase no Desenvolvimento da Energia Feminina.  Estudo de caso (verídico), apresentado como trabalho final no Curso de Formação em Terapia Energética do Instituto Pulsar - SP :

 “ Em um certo momento da minha vida, descobri que eu era diferente dos meninos.
E que eu gostaria de ter a admiração e o convívio com eles.

Percebi que minha mãe tinha a atenção do meu pai, e passei a querer experimentar como era ser mulher, usar as roupas da mãe, seus sapatos, pulseiras, bolsas, maquiagem- mesmo que eu ficasse toda rabiscada. Me sentia linda!
Então procurava pelo pai para ganhar a admiração que eu acreditava merecer sendo uma menina.
Acreditei muitas vezes que eu era do mesmo tamanho que a minha mãe.

Eu me identificava com ela, pois éramos mulheres, e passei a seguir o seu exemplo.
Mas com o passar do tempo, fui percebendo que ela não era realmente feliz.

Percebia-a muitas vezes irritada, insatisfeita, sobrecarregada.
Muitas vezes, via-a esforçando-se além da conta por todos nós dentro de casa.

Ela fazia sempre tudo para agradar aos outros e ensinava à mim e às minhas irmãs (de forma verbal ou não) que este era o comportamento esperado para uma mulher.

Sem perceber, fui adquirindo a mesma forma de funcionar.

Mas aos poucos, principalmente no inicio da adolescência, sem perceber comecei a me sentir feia, desastrada e também temerosa de um dia não ter o amor de um homem por mim.

Eu não percebia, mas estava aprendendo a viver para os outros. E sem me dar conta, comecei a não gostar de mim mesma.

Em uma fase natural da vida, comecei então a sentir anseio de me relacionar com os homens. E nessas horas muitas vezes fui sutil ou deliberadamente reprovada pela minha família.
Ter desejo ou querer demonstrar afeto ou interesse por um homem não era exatamente algo visto com bons olhos.
E assim eu fui aprendendo a conter meus anseios por proximidade e intimidade.

Cresci duvidosa e temerosa dos homens e do que pensavam de mim. Imaginava que eu não devia me aproximar ou demonstrar meu interesse por eles- mesmo que fosse verdadeiro.

Quando me interessava por alguém, sonhava acordada, fantasiava, me fechava em meu mundinho interno, aonde os romances aconteciam em minha imaginação.

 Considerava os homens reais quase como extra terrestres, seres idealizados e inalcançáveis, ou às vezes nojentos e desprezíveis, apesar de lá no fundo desejar muito estar perto deles.

Eram simplesmente, seres estranhos para mim.
Comecei a sair à noite em festinhas e assim dei meu primeiro beijo e comecei a me permitir ser mulher.

Mas fui desenvolvendo minha sexualidade assim, com anseio de contato com os homens, mas ao mesmo tempo com medo de todos eles, duvidando que eu um dia poderia ser amada e desejada e me questionando se iriam gostar de mim se eu demonstrasse meus anseios por amor, contato, relacionamento, intimidade.

Ao longo da adolescência, fui descobrindo que os adultos não eram assim tão cheios de super poderes, inabalável e inatingíveis.

Via que eles tinham as suas insatisfações (inúmeras) e que aqueles a quem eu me dirigi durante a infância para saber como eu deveria ser e agir, não tinham todas as respostas.
E que para construir meu caminho, eu deveria ser grata por tudo o que me foi ensinado, mas respeitar o caminho de cada um e fazer o meu próprio.

Passei boa parte da vida adulta procurando caminhos, errando, acertando e muitas vezes suportando situações que eu considerava lá no fundo inaceitáveis para mim.

Decidi então me aventurar pelo caminho  do auto conhecimento e de prestar atenção em mim mesma.
Pude então começar então a realmente me enxergar, me permitir perceber todas as coisas que faziam mal a mim mesma e às quais eu me sujeitava (ou mesmo procurava). Comecei enfim a  enxergar e viver o que acontece comigo, sem fugir das minhas próprias sensações.

Passei a perceber que minhas verdades estavam dentro de mim mesma, que tenho desejos e anseios próprios e um lado mulher que jamais caberá a outra pessoa ditar como deve ser.

Parei de me preocupar tanto com os outros e de me doar deliberadamente, como se este fosse o único (ou o maior) propósito da minha existência e do meu papel no mundo.

Feridas doem em nós, mulheres, quando percebemos com compreensão e amorosidade, as dores de nossas mães.

E foi olhando para a história de minha mãe com carinho e cuidado que fui percebendo os inúmeros comportamentos que eu havia copiado dela sobre “se doar demais”, “calar”, “sofrer só pela ideia de ficar sem um marido”, “não saber meu papel no mundo”, “ter medo de não conseguir me sustentar financeiramente” , “dedicar meu tempo,meus pensamentos e minha energia a um relacionamento ou às pessoas de um modo geral”.

Me desfazer de tudo isso foi desafiador. Eram pontos cegos que eu nem percebia.
E o pior, o que viria depois?

Foi uma fase de descobertas difíceis pro meu coração, de construção e reconstrução onde passei a rever como tinha sido a minha vida até ali, abandonando as minhas fantasias até então tidas como realidade e resignificando a minha história.

Passei por esse processo de forma atenta e intensa, me dispus a descobrir quem eu sou e o que eu sinto de verdade sobre as coisas que eu vivo, e não mais contar das coisas que me machucavam com um sorriso no rosto, aguentando, sem ter consciência dos sinais que o meu corpo me dava sobre como eu andava me tratando (ou maltratando).

Me olhava no espelho e não me reconhecia. Ou melhor, não me encontrava ali naquele corpo e naquele olhar.

E o processo de transformar dor em amor (em primeiro lugar por mim mesma) foi uma das coisas mais difíceis (e ao mesmo tempo mais lindas e libertadoras) que já fiz em minha vida.

Me despir de toda a dor vivida pela minha mãe e por todas as mulheres de nossa família, que vieram antes de nós, e descobrir que eu podia fazer algo de bom com a minha própria vida foi revitalizador, quase um renascimento, para uma vida mais plena e do jeito que eu quero.

Me sinto mais inteira assim. Sabendo que tenho um papel- o de viver plenamente e desfrutar de todas as coisas belas que a vida tem a me oferecer.

Percebi através da dor, que se eu não mudasse minhas idéias e comportamentos com relação aos homens e ao lugar dos relacionamentos em minha vida, e mais, se não passasse a me dar o direito de sentir e ir em busca dos meus anseios amorosos, vivenciando e experimentando relações reais com homens de carne e osso, seria infeliz pro resto da vida em busca de alguém que não existe.

Hoje percebo em mim marcas de um caráter infantil do qual tento me livrar. Procuro  constantemente me perceber e não ser escrava destes impulsos, que vem à tona o tempo todo.

Percebo que muitas vezes tenho mania de querer mudar os homens e transformar eles em alguém que não são, para serem quem eu quero que sejam, talvez buscando o ideal daquilo que por muito tempo acreditei nos meus devaneios ser o lugar da felicidade: em qualquer lugar, menos nas relações reais e na minha própria auto-realização enquanto pessoa, enquanto individualidade.

E justamente isso, aprender a viver a mulher que sou e o que quero de minha vida e em minhas relações concretas, tem sido meu maior desafio.

Estou aprendendo a encarar a vida de frente, já que percebi que seguir fingindo ou brincando de faz de conta só faz com que o coração vá endurecendo, a vida vá paralisando, o corpo se encouraçando, o tempo invariavelmente passando e as possibilidades de viver ficando cada vez mais restritas.

Acredito que é preciso coragem para ser feliz!

E como escolher implica sempre em também perder alguma coisa, temos medo. E muitas o que mais tememos é ir além do próprio medo.

Sofri porque tive medo de me desprender de alguns valores, crenças,frustrações, ressentimentos por as coisas não darem certo ou por eu não conseguir me realizar.

Na verdade, tive medo de abandonar as minhas fantasias. E viver o que a vida me oferecia, com todas as suas dificuldades, potencialidades e possibilidades infinitas de escolha.

Me fez muito bem encarar todas estas coisas de frente e assumir que fazem parte de mim, que foram necessárias por um tempo e que até aqui foram o melhor que pude fazer.

O resultado tem sido uma vida com muito mais dignidade, liberdade e sentimentos que me fizeram me sentir mais eu, mais dona da minha vida, do meu próprio corpo e destino, enxergar possibilidades pra mim mesma a partir do que eu sinto e desejo.

E não mais ser aquela mulher que vive para agradar aos outros e fazer disso o motivo da própria vida, acreditando que ali está a felicidade.

Ela não está em outro lugar que não na minha alegria, nos meus sorrisos mais gostosos que irradio e compartilho com as pessoas que amo, por me permitir estar sendo neste momento exatamente tudo aquilo que eu gostaria de ser, vivendo no caminho que resolvi trilhar e escrevendo a história que eu quis escrever para a minha própria vida.

Que não termina por aqui e aonde espero até o último dia ter sempre novos aprendizados e renovações a acrescentar, sobre a história de amor mais linda que eu já presenciei na vida: a das coisas boas que fiz por mim mesma e que me fizeram feliz, inspirando outros corações a vibrarem comigo e a fazerem o mesmo por si.”





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