Imagem retirada da Net.
No Baralho Cigano a Carta que representa o AMOR é a carta 24. E abaixo um texto que vale a pena ler para refletir sobre o amor.
Viver no Coração
Ficar no coração não é fácil. Pois é
no coração que entramos em acordo com a experiência que estamos vivendo. Quando
o coração está aberto, a experiência é bem recebida. Nós a aceitamos e
permitimos que seja integrada com a nossa alma. Quando o coração está fechado,
rejeitamos a experiência. Nós nos defendemos contra a decepção ou contra a
mágoa e fugimos para a cabeça.
Quando a experiência passa a ser
intelectualizada somos roubados não só do que é inferior, mas também do sublime
na vida emocional. Perdemos a capacidade de sentir compaixão por nós mesmos e
pelos outros. Perdemos a sensibilidade não somente para a dor e para o
sofrimento, mas também para a beleza e para a felicidade.
Quando nosso coração está
verdadeiramente aberto, tanto a felicidade quanto a dor são experimentadas sem
inventar estórias, sem pintar a realidade de cor de rosa. Elas não significam
nada diferente do que realmente são. Sentir dor não significa que somos maus,
nem que outros sejam maus, assim como sentir felicidade não quer dizer que
somos bons. Não há interpretações, só há disposição e boa vontade para aceitar
e receber a experiência lá dentro. No coração aberto, o riso e as lágrimas se
mesclam. É um lugar de intensa contradição, um lugar rico, um banquete variado
de experiências que não podem ser racionalizadas, domadas, antecipadas, nem
entendidas.
O medo e o condicionamento nos
encorajam a rejeitar os aspectos da experiência que sejam novos, inesperados ou
que não nos pareçam seguros. A alma fica dividida quando uma parte da
experiência passa a ser vista como inaceitável. Passamos a ter bom e ruim,
inconsciente e consciente, desejado e não desejado. Dessa forma somos capazes
de ter uma experiência sem senti-la. Podemos fugir para a cabeça, nos
distanciar, nos desconectar emocionalmente. Ainda que este tipo de dissociação
seja compreensível quando se trata de uma reação a eventos traumáticos, ele
passa a ser disfuncional em resposta aos altos e baixos da vida diária.
Quando só estamos dispostos a aceitar
o que nos é familiar ou aquilo que pensamos que queremos, ficamos presos na
rotina e nos padrões do nosso passado. Ficamos estagnados emocionalmente e
intelectualmente. Ficamos rígidos, ego-centrados e previsíveis. A energia da
vida passa a ser investida na manutenção das defesas do ego, garantindo que o status
quo permaneça intacto.
Viver no coração significa deixar que
tudo entre. Significa estar com a experiência, mesmo que ela seja difícil ou
confusa. Para estar no coração, temos que adiar a tomada de decisões com
frequência, até que fiquemos completamente familiarizados com o conteúdo total
da nossa consciência.
Ficar no coração ajuda-nos a
assimilar os caprichos de nossa experiência, ainda que isso leve algum tempo
para acontecer. Quando não temos pressa, percebemos que as contradições
iniciais acabam se resolvendo sozinhas. Tudo vai ficando mais claro conforme
vamos honrando os variados pensamentos e sentimentos da nossa alma. É uma
função da nossa inteireza, quando sentida.
Tomar decisões antes de ter passado
algum tempo com todos os nossos pensamentos e sentimentos contraditórios, acaba
agravando qualquer que seja o conflito que estejamos experimentando em nossa
vida externa. Quando sentimos urgência ou pressão para solucionar ou decidir
alguma coisa, geralmente isso significa que estamos fugindo para a cabeça,
tentando fazer com que “alguma coisa aconteça” que ainda não está pronta para
acontecer. E, inevitavelmente, isso conduz a conflitos externos e a decepções.
As portas não se abrem, não importa com que frequência ou com que força
possamos bater nelas. Como não estamos em harmonia interna, não conseguimos
ficar em harmonia com os outros. Como não estamos em nosso próprio “fluxo”, não
conseguimos fluir com a vida conforme ela vai se manifestando ao nosso redor.
É preciso ter coragem para estar
presente na paisagem emocional interna quando a chuva e a neblina obscurecem a
vista. Quando a visibilidade é mínima, tudo o que podemos fazer é colocar um pé
na frente do outro. Quando um monte de conflitos e emoções se agitam na alma,
tudo o que podemos fazer é trazer gentilmente a consciência para onde estamos.
Se nos apressarmos no meio da chuva e da neblina, desviaremos do caminho e
cairemos. Um acidente vai nos atrasar muito mais de alcançar nosso objetivo do
que o mau tempo e, daí, vamos desejar ter sido mais pacientes.
Ser paciente conosco mesmos e com o
nosso próprio processo é o segredo de viver no coração. Podemos estar no
coração e não "saber" o resultado de uma situação. Na verdade, a
disposição “para estar sem saber” é essencial para estar presente aqui e agora,
seja o que for que estivermos experimentando. “Saber” quase sempre diz respeito
ao passado. Quando não precisamos mais saber, podemos ficar neste momento.
Paul Ferrini
O Processo de Afinidade e o Caminho
do Amor Incondicional e Aceitação.
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